“Escrever livros é um ofício suicida. Nenhum outro exige tanto tempo, tanto trabalho, tanta dedicação em relação aos benefícios imediatos”, escreveu o colombiano Gabriel García Márquez, prêmio Nobel em Literatura, em uma de suas crônicas. Opinião compartilhada por outro sem número de escritores mundo afora, sobretudo os de países “em desenvolvimento”, como é o caso do Brasil, onde, segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média de leitura é de 1,8 livros por ano.
Longe de qualquer pensamento pessimista, porém realista em relação a situação da leitura em nosso país, a escritora de livros infantis e mestre em língua portuguesa Regina Mota reafirma a importância da leitura para o desenvolvimento do indivíduo. De acordo com a professora, muitas pessoas têm preguiça de ler. “Alguns dormem antes mesmo de terminar a leitura”. Porém, segundo a escritora, cruzar os braços e aceitar esta situação não é a melhor opção. “Precisamos colocar a mão na massa, levar a literatura aos olhos, às mãos das pessoas”, completou.
Autora do livro infantil “Grilo sem pressa no mundo com pressa” – em que debate a questão ecológica –, a escritora defende a ideia de que a leitura deve começar no útero. No entanto, indica as crônicas para os grandinhos sem hábito. “Rubem Braga, Luís Fernando Veríssimo é um bom começo”, afirma. Enquanto escritora, Regina Mota revela a dificuldade para a publicação do livro. “Esperei quatro anos para publicar o livro, muitas editoras nem deram resposta”, lamentou. Outro problema para a falta de leitura no Brasil, de acordo com Regina, é a falta de incentivo dos pais. “Os pais devem dar livros e exemplo aos filhos”, explicou.
Editoras e Governo contra a falta de hábito
Contra o baixo índice de leitura do brasileiro – 1,8 livros por ano de acordo com o IBGE – as editoras têm incentivado a leitura dos livros de bolso (<em>pocket books</em>), menores e mais baratos. Companhia das Letras, L&PM são algumas das editoras especializadas nos pequeninos. De acordo com Tarcísio Ferreira, empresário dono de três livrariasem Belo Horizonte, os livros de bolso são sensação entre os leitores. “O preço baixo e a texto integral são os principais atrativos dos livretos”, afirmou.
A venda das <em>pocket books</em>, segundo Tarcísio, é o dobro em relação aos livros tradicionais. Certamente os mais procurados, os clássicos chegam a custar 8 reais. Machado, Kafka, Pessoa estão entre os mais procurados. “Às vezes, o problema são os internacionais, pois, há problemas na tradução”, explicou Tarcísio. Devido a aceitação dos leitores, editoras têm se especializado apenas na comercialização dos livros de bolso, é o caso da Martin Claret com mais de 300 títulos publicados.
Outro incentivo para desenvolver o hábito da leitura é o programa <em>Mais Cultura</em> do Governo Federal. A iniciativa do Ministério da Cultura pretende zerar o número dos municípios brasileiros sem bibliotecas ainda neste ano. De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, 661 municípios ainda não têm bibliotecas, sendo seisem Minas Gerais: Dionísio, Dores do Turvo, Mathias Lobato, Oratórios e Wenceslau Brás. Inicialmente, as cidade receberão 500 livros, estantes, computador, impressora, mesas e cadeiras.
Aluno do curso de Comunicação - Jornalismo - Newton Paiva
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